A primeira-ministra Giorgia Meloni, que tem raiz política no movimento fascista italiano, se elegeu com discurso de defesa da "família tradicional"
A primeira-ministra de extrema direita da Itália, Giorgia Meloni, se elegeu a partir de uma plataforma política neoliberal com a clássica defesa de políticas de austeridade e defesa da "família tradicional". Mostrando que não se tratava retórica eleitoreira, Meloni deu início aos ataques contra a comunidade LGBTI+.
Nesta terça-feira (14), Giorgia Meloni determinou que o conselho municipal de Milão pare de registrar filhos de casais homossexuais. A união civil é legalizada na Itália desde 2016, porém, a adoção por casais homossexuais não foi aprovada. Porém, com a ausência de uma legislação sobre adoção por casais homossexuais, alguns tribunais, nos últimos anos, têm decidido a favor dos casais LGBTs que requerem tal direito.
O prefeito de Milão, Giuseppe Sala, que é de centro-esquerda e opositor do grupo político de Meloni, confirmou que recebeu uma carta do Ministério do Interior determinando que o seu governo pare de registrar os filhos de casais do mesmo sexo.
Sala afirmou que vai respeitar a determinação do governo de Giorgia Meloni, no entanto, reforçou que vai continuar a lutar politicamente para que os casais homossexuais tenham o seu direito paterno e materno reconhecidos.
Movimento LGBTI+ da Itália alertou para "cenário medieval" com Meloni
Na Europa Ocidental, a Itália é o país com um dos piores índices de violência contra a população LGBTI+ (Ilga). Com a eleição de Giorgia Meloni, os movimentos sociais de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais alertaram que a situação poderia piorar com Meloni no comando do país, que se teria “um cenário medieval”.
A proibição da jurisprudência para o registro de filhos de casais homossexuais já era dada como certo pelo movimento LGBT da Itália, que agora vive com o temor de que a primeira-ministra inicie movimento para revogar o direito à união civil, aprovado em 2016.
O histórico do partido de Giorgia Meloni, o fascista Irmãos da Itália, confirma o temor da comunidade LGBT. A legenda foi uma das responsáveis por uma intensa campanha contra uma lei que visava criminalizar os crimes LGBTfóbico, que foi arquivada em 2022.
Assim como outros agrupamentos fascistas do século XXI, os Irmãos da Itália afirmam que atuam na "defesa da família", contra a "ideologia de gênero" e afirmam que o "movimento LGBT é uma ameaça ao livro pensar".
Durante a campanha, Meloni afirmou que não iria atuar contra os direitos da população LGBT, no entanto, uma semana antes de sua eleição, ela participou de um encontro de partidos da extrema direita europeia organizado pelo Vox, na Espanha.
Ao discursar no evento espanhol, Meloni fez um discurso violento contra as LGBT. "Sim à família natural, não ao lobby LGBT, sim à identidade sexual, não à ideologia de gênero", declarou a primeira-ministra da Itália.
Escrito en LGBTQIAP+ el 15/3/2023 ·
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